Fundição Progresso recebe, na sexta, projeção ao ar livre do filme ‘Chico ou o País da Delicadeza Perdida’, em clima de festa

CHICO BUARQUE NA FUNDIÇÃO PROGRESSO, EM 1989. FOTO: MARTA VIANA

 

Na próxima sexta-feira, dia 28 de junho, a partir das 20 horas, a CINEFESTA desembarca na Fundição Progresso, no coração da Lapa no Rio de Janeiro. O evento terá exibição ao ar livre do filme Chico ou o País da Delicadeza Perdida, de Walter Salles e Nelson Mota. A película foi gravada na própria Fundição, no ano de 1989.

Após a sessão, o terraço vira uma pista intimista para os frequentadores que podem colaborar na playlist – normalmente inspirada pelo filme exibido na noite.

SOBRE O FILME:

O show comemorativo dos 25 anos da carreira de Chico Buarque, foi filmado e transformado no documentário “Chico ou O País da Delicadeza Perdida” por Walter Salles Jr. e Nelson Motta.

Além da performance, ficou retratado um momento nas reformas da Fundição em que o estado semi-construído do prédio deixava constantemente à vista, de um lado, as luzes do centro da cidade, e do outro lado os Arcos da Lapa. Um contraste entre passado e presente, entre duas concepções de Rio de Janeiro que convida a reflexões.

O documentário foi lançado em março de 1990 pela emissora francesa FR3. No Brasil, foi exibido em dezembro do mesmo ano pela Rede Manchete. Em 2003, foi recuperado e lançado em DVD pela BMG.

Oferece uma análise da sociedade brasileira e de suas transformações a partir das décadas de 50 e 60, anos da juventude e do início da carreira de Chico Buarque.

Imagens de acervo dessa época são combinadas a cenas do filme “Uma Avenida Chamada Brasil”, de Otávio Ribeiro – uma representação da brutalidade que se percebia no presente, no fim dos anos 80.

Ainda inacabada, a Fundição Progresso aos poucos ia se firmando na cena cultural carioca. Apresentações como essa claramente utilizavam em seu proveito o espaço singular de uma antiga fábrica em plena reconstrução.

INGRESSOS:

R$ 15 com nome no mural do evento (lista amiga) ou enviando um e-mail para: contato@fundicaoprogresso.com.br

A lista amiga se encerra às 16h do dia do evento.

R$ 20 sem nome na lista amiga

*Todos os valores são meia-entrada

**Renda da noite destinada para o fundo de manutenção do centro cultural – aberto para visitação diariamente.

* Em caso de chuva a projeção será transferida para outra área da Fundição.

**Sujeito a lotação.

 

Por: João Santiago

A malemolência e a sonoridade ímpar do show da banda Carne Doce no Queremos! Festival; veja galeria de FOTOS

mbv no queremos

FOTO: ANA ROMAGUERA

 

O sol despontava no horizonte da Baía da Guanabara quando os portões da Marina da Glória, no Rio de Janeiro, abriram às 13:30 para receber a segunda edição do Queremos! Festival (leia mais aqui sobre o evento). Quando a banda Carne Doce iniciou o show no Palco Amarelo, os fãs já se aglomeravam no gramado lateral, em contraste com a terra batida, dando a impressão de que havíamos feito uma viagem no tempo dos grandes festivais pelo mundo ao longo da História.

mbv no queremos
Queremos! Festival 2019 Foto: Ana Romaguera/MBV

A associação ao Woodstock 69′ e ao Rock in Rio 85′ era natural, amplificada pelo grito rouco contemporâneo de liberdade: dos costumes, sexual, artística e política. Carne Doce envolveu todas e todos com sua sonoridade ímpar e bebendo da fonte do Indie rock aliada a sonoridades tipicamente brasileiras. A vocalista Salma Jô conduziu, com malemolência, o público que já sentia uma certa brisa no rosto, com a temperatura mais amena.

A presença visceral da veterana Gal Costa, a batida incomparável da pernambucana Duda Beat, o show político por natureza de Luedji Luna e a doçura ritmada de Jade Baraldo comprovam a importância da mulher na nossa música. O Queremos! Festival entrou pra História com a marca da diversidade. A maior parte do lineup do evento foi composta por mulheres e bandas com lideranças femininas. Tal fenômeno aponta para um cenário fértil de resistência, afirmação político-cultural e posicionamento de destaque no ambiente artístico.

 

Por: João Santiago

Fotos: Ana Romaguera

 

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‘Quero dedicar essa energia a cada professor e professora do Brasil’, vibrou o rapper Criolo no Queremos! Festival

criolo no queremos!

FOTO: ANA ROMAGUERA

 

Na noite do último dia 15 de junho, na Marina da Glória, o rapper Criolo subiu ao palco do Queremos! Festival 2019 (leia tudo sobre o festival aqui!) com uma energia impressionante e já conhecida pela maior parte dos seus fãs. O artista mesclou clássicos de sua carreira com trabalhos mais recentes e produziu uma catarse coletiva aos presentes.  Diante de um público extasiado, o cantor renovou os ânimos de cada um:

“Quero dedicar essa energia a cada professor e professora do Brasil!”

criolo no queremos!
Criolo no Queremos! Festival 2019 Foto: Ana Romaguera/MBV

 

Acompanhado pelo parceiro fiel DJ DanDan e os produtores e multi-instrumentistas Bruno Buarque, Dudinha e Daniel Ganjaman, Criolo cativou as gerais delirantes que foram provocadas pelo cantor, que conclamava todas e todos:

“Eu não tô te ouvindo, eu não tô te ouvindo! Tá cansadinho?”

Criolo no Queremos! Festival 2019 Foto: Ana Romaguera/MBV

 

DJ DanDan no Queremos! Festival 2019 Foto: Ana Romaguera/MBV

O som-pesadão-envolvente dominou o espaço. Artista e público comungaram na canção ‘Duas de Cinco’, do álbum ‘Convoque Seu Buda’, lançado em 2014. A noite se encaminhava para as apresentações finais com a presença visceral de Criolo, que demonstrou ali todo o teor político anti-demagógico e intensidade.

Filmagem: Ana Romaguera/MBV

 

Por: João Santiago

Queremos! Festival 2019: A festa da diversidade

FOTO: ANA ROMAGUERA

 

O sol despontava no horizonte da Baía da Guanabara quando os portões da Marina da Glória, no Rio de Janeiro, abriram às 13:30 para receber a segunda edição do Queremos! Festival. A primeira atração estava marcada para uma hora depois, mas o público já chegava antes pra garantir seu lugar à sombra em dia típico de outono carioca. O aguardado evento contou com a presença de novas promessas da nossa música e artistas renomados. A Orquestra Sinfônica da Petrobras abriu os trabalhos, executando canções do filme Bohemian Rhapsody, que narrou a história da banda inglesa Queen e de seu intérprete Freddie Mercury.

MBV NO QUEREMOS
Palco Rosa do Queremos! Festival 2019 Foto: Ana Romaguera/MBV

Era um excelente presságio do bom gosto que a curadoria do festival ofereceria para o público. Aliás, a produção merece nota: impecável. Do início ao fim, a estrutura montada no coração da cidade respeitou e abraçou aqueles que foram assistir seus artistas favoritos. Com uma programação majoritariamente nacional, a pluralidade do público contribuiu para que a noite fosse de paz e, como proclamou posteriormente o artista Criolo, representavam a ‘resistência do amor’.

Às 15:30, a banda Carne Doce iniciou o show no Palco Amarelo, envolvendo todas e todos com a sua sonoridade ímpar e bebendo da fonte do Indie rock aliada a sonoridades tipicamente brasileiras. O gramado lateral em contraste com a terra batida, onde os fãs se aglomeravam, dava a sensação de que havíamos feito uma viagem no tempo dos grandes festivais pelo mundo ao longo da História. A associação ao Woodstock 69′ e ao Rock in Rio 85′ era natural, amplificada pelo grito rouco contemporâneo de liberdade: dos costumes, sexual, artística e política. A vocalista Salma Jô conduziu, com malemolência, o público que já sentia uma certa brisa no rosto, com a temperatura mais amena.

 

Salma Jô no Queremos! Festival 2019 Foto: Ana Romaguera/MBV
Salma Jô no Queremos! Festival 2019 Foto: Ana Romaguera/MBV

O Palco Rosa recebeu, na sequência, o show de Jade Baraldo, que ganhou notoriedade em participação no reality show musical The Voice Brasil. A apresentação equilibrava a voz suave da intérprete com um som ritmado, de peso, que seguia no envolvimento do público. Em tempo, ‘envolvência’ é o conceito que marca cada show e manifestação espontânea de cada um. E essa ideia se proliferava à medida que o festival ia ficando mais cheio e a noite chegava.

A noite despontou com a cantora Luedji Luna, que aprofundou a malemolência e ofereceu aos presentes um show gingado, recheado de canções viscerais e realizou uma apresentação política por natureza. A representatividade das letras das canções e o canto ecoado pelos orixás transbordaram a energia do ambiente. Em rodas entre conhecidos e desconhecidos, grupos, casais e novos amigos dançavam enquanto se preparavam para um grito uníssono, por justiça e mais amor.

Luedji Luna no Queremos! Festival 2019 Foto: Ana Romaguera/MBV

A artista soteropolitana de voz potente levantou o público que já ocupava todos os cantos do Queremos! Festival 2019 e se preparava pra receber Duda Beat. O ambiente já estava lotado quando a cantora iniciou sua apresentação no Palco Rosa. O calor dava espaço para um clima mais aconchegante e noturno, com os fãs se jogando na batida da pista. Vale destacar também o som límpido e potente ali instalado. A iluminação de cada show se destacava, reunindo a identidade de cada artista a um conceito próprio.

Duda Beat no Queremos! Festival 2019 Foto: Ana Romaguera/MBV
Espaço Deezer no Queremos! Festival 2019 Foto: Ana Romaguera/MBV

Nos intervalos , o público podia relaxar nos espaços lounges, recarregar as energias na área ‘Comemos’, que ofereceu uma ampla e diversificada opção de lanches, além de se divertir com os amigos no karaokê disponibilizado pela Deezer, com um variado cardápio musical. A plataforma de streaming global também realizou a cobertura do Queremos! Festival, direto do aplicativo para todo o Brasil!

Uma das atrações nacionais mais esperadas, Gal Costa abriu com a canção ‘Dê um Rolê’, imortalizada na sua voz nos anos de 1970 e composta por Moraes Moreira e Luis Galvão, do grupo Novos Baianos. A artista seguiu com “Mamãe Coragem” (Caetano Veloso e Torquato Neto), “Vaca Profana” (Caetano Veloso) e “As Curvas da Estrada de Santos” (Roberto Carlos e Erasmo Carlos). Perfilando clássicos e incluindo canções do mais recente álbum “A Pele do Futuro”, Gal emocionou e envolveu por completo as pessoas que ali estavam.

Gal Costa no Queremos! Festival 2019 Foto: Ana Romaguera/MBV

Com uma energia impressionante e já conhecida pela maior parte dos seus fãs,  Criolo subiu ao palco diante de um público extasiado, renovando os ânimos de cada um:

“Quero dedicar essa energia a cada professor e professora do Brasil!”

Criolo no Queremos! Festival 2019 Foto: Ana Romaguera/MBV

As gerais delirantes foram provocadas pelo cantor, que conclamava todas e todos:

“Eu não tô te ouvindo, eu não tô te ouvindo! Tá cansadinho?”

O som-pesadão-envolvente dominou o espaço. Artista e público comungaram na canção ‘Duas de Cinco’, do álbum ‘Convoque Seu Buda’, lançado em 2014. A noite se encaminhava para as apresentações finais com a presença visceral de Criolo, que demonstrou ali todo o teor político anti-demagógico e intensidade.

Filmagem: Ana Romaguera/MBV

 

O Queremos! Festival 2019 representou uma catarse coletiva e libertária diante de um conturbado cenário político vivido hoje no Brasil. Nasceu já como parte da História do Rio de Janeiro.

No futuro, os escafandristas da canção ‘Futuros Amantes’, de Chico Buarque, encontrarão os tais vestígios de estranha civilização e, no eco de antigas palavras, verão na experiência sonora um ato de amor.

A resistência do amor.

 

Por: João Santiago

Orquestra Brasileira de Música Jamaicana comemora dez anos de carreira no Auditório do Ibirapuera

FOTO: CAIO LEITE

 

No próximo domingo, 16 de junho, a Orquestra Brasileira de Música Jamaicana desembarca em São Paulo para show comemorativo dos dez anos de carreira. O repertório do grupo inclui clássicos da Música Popular Brasileira como Trem das Onze (Adoniran Barbosa), Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro), Frevo mulher (Zé Ramalho), Águas de Março (Tom Jobim), Cotidiano (Chico Buarque) e Que Maravilha (Jorge Ben Jor e Toquinho). A apresentação conta ainda com marchinhas de carnaval e skas internacionais.

A banda, que realiza arranjos de músicas conhecidas em ritmo de SKA, já constitui uma sólida carreira de sucesso e convida todo mundo pra dançar no Auditório do Ibirapuera.

  • SERVIÇO:

Orquestra Brasileira de Música Jamaicana

Em “#Dez”

Dia 16 de junho, domingo, 19h

Duração: 80 minutos (aproximadamente)

Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia entrada)

[livre para todos os públicos]

informações: www.auditorioibirapuera.com.br

tel.: 3629-1075 ou info@auditorioibirapuera.com.br

Capacidade: 806 lugares

Av. Pedro Alvares Cabral, s/n – Portão 2 do Parque do Ibirapuera

(Entrada para carros pelo Portão 3)

Fone: 11.3629-1075

info@auditorioibirapuera.com.br

http://www.auditorioibirapuera.com.br/

Ar-condicionado. Acesso a deficientes. Proibido fumar no local.

 

Estacionamentos / Transporte:

Estacionamento do Parque Ibirapuera, sistema Zona Azul – R$ 5 por duas

horas. Dias úteis das 10h às 20h, sábados, domingos e feriados das 8h às 18h

Ônibus:

Linha 5154 – Terminal Sto Amaro / Estação da Luz

Linha 5630 – Terminal Grajaú / Metrô Bras

Linha 675N – Metrô Ana Rosa / Terminal Sto. Amaro

Linha 677A – Metrô Ana Rosa / Jardim Ângela

Linha 775C/10 – Jardim Maria Sampaio / Metrô Santa Cruz

Linha 775A/10 – Jd. Adalgiza / Metrô Vila Mariana

O Auditório Ibirapuera não possui estacionamento ou sistema de valet. O estacionamento do Parque Ibirapuera é Zona Azul e tem vagas limitadas. Sugerimos que venha de táxi ou transporte público

 

Horários da bilheteria:

Sextas-feiras e sábados, das 13h às 22h

Domingos, das 13h às 20h

Ingressos

Sistema Ingresso Rápido, pelo site www.ingressorapido.com.br e pontos de venda espalhados por todo o Brasil.

Formas de Pagamento: American Express, Visa, MasterCard, Dinners Club, Aura, Hipercard, Elo, Vale Cultura Sodexo e Vale Cultura Ticket, todos os cartões de débito e dinheiro. Não aceita cheques.

O serviço de reservas pelo site do Auditório está suspenso temporariamente para adequação ao aumento da demanda e melhor atendimento ao usuário.

Meia Entrada:

– Estudantes: apresentar na entrada Carteira de Identidade Estudantil.

– Professores da Rede Estadual, Aposentados e Idosos acima de 60 anos: apresentar RG e comprovante.

– Menores de 12 anos, acompanhados pelos pais, têm direito a 50% de desconto do valor da inteira, quando Censura Livre.

 

 

  • Ficha Técnica:

Fabio Luchs (bateria)

Felippe Pipeta (composições, trompete)

Fernando Bastos (sax tenor e flauta transversal)

Igor Thomaz (saxofone alto e barítono)

Lincoln Bretha (baixo)

Otavio Nestares (trompete)

Pedro Cunha (teclado)

Ruben Marley (trombone)

Sergio Soffiatti (guitarra e vocal, composições, produção musical)

Ligia Taverna Chaim (iluminação)

Rubens Marques Damasceno (técnico de PA)

Mari Tabisa de Almeida (produtora)

Ana Ira Pedroso (produtora)

Adriana Santos (produtora)

Alberico Santos (produtor)

Anderson Lopes Costa (técnico de som)

Lirinha (roadie)

Gustavo Michelucci (VJ)

CRÔNICA: O nascimento de uma inspiração

lapa

 

Foi de uma esquina na noturna Lapa, no Rio de Janeiro, que ouvi um som ainda pouco familiar pra mim. Um piano de peso somava-se ao som da bateria, do contrabaixo e do trompete, projetando uma atmosfera envolvente a metros dali. Enquanto caminhava, estranhava o pouco movimento, e bailava para afastar a chuva fina da ponta do cigarro, que levava entre os dedos. A baixa iluminação dos Arcos da Lapa dava ao ambiente um clima soturno e de medo, que logo foi interrompido por uma roda de samba mambembe que se aproximava.

Juntei-me à roda e cantamos sambas de Donga, Wilson Batista e Noel Rosa:

“O chefe da polícia pelo telefone manda me avisar
Que na Carioca tem uma roleta para se jogar
O chefe da polícia pelo telefone manda me avisar
Que na Carioca tem uma roleta para se jogar”

“Cheguei cansado do trabalho
Logo a vizinha me falou:
– Oh! seu Oscar
Tá fazendo meia hora
Que sua mulher foi-se embora”

“Quem é você que não sabe o que diz?
Meu Deus do Céu, que palpite infeliz!
Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira,
Oswaldo Cruz e Matriz
Que sempre souberam muito bem
Que a Vila Não quer abafar ninguém,
Só quer mostrar que faz samba também”

A roda, composta por três jovens, era a vida que faltava para aquele som abafado, que se ouvia ao longe, e o clima sombrio. Ivone sambava com as pontas dos pés enquanto batucava um tamborim, José, com seu fiel chapéu, entoava as melodias e batucava o pandeiro, e Angenor carregava, em riste, seu violão que harmonizava o trio. Juntos, seguimos em direção ao bar. O quarteto instrumental parecia improvisar um som que, àquela altura, já parecia suficientemente familiar para mim.

Paramos à porta e seguramos o som. O quarteto do bar imediatamente parou também. Antônio, ao piano, deu um gole no whisky à sua frente, e logo sinalizou a nós, que voltamos a tocar, acompanhados pelo maestro e os demais músicos. Adentramos o recinto e logo percebi que a música ali se transformara. Já não era mais o que eles tocavam – anos depois descobri que aquilo era Jazz – e também não era o nosso samba. Era algo que eu não conseguia entender naquele momento. Era algo harmônico, mas que eu não entendia.

E foi então que ouvimos passos largos e vimos o semblante de um homem tímido, que trazia um violão na diagonal. João, com um terno branco mal passado, apareceu ali diante de nossos olhos. Mas não foi o que pudemos ver que transformou a nossa noite. Foi o som novo, novíssimo, que saía de seu instrumento. Paramos novamente o som e ouvimos. João cantarolava:

“Dia de luz, festa de sol
E o barquinho a deslizar
No macio azul do mar

Tudo é verão, o amor se faz
No barquinho pelo mar”

E todos nós voltamos a tocar. Eu não sabia o que era, mas tinha ideia da grandeza. Era como pão fresquinho, café recém-passado e bebida gelada.

Nascia ali a Bossa Nova.

 

Por: João Santiago