A Música Brasileira no MIMO Festival RJ

O MIMO Festival se aproxima e desembarca no Rio de Janeiro no próximo final de semana, entre os dias 11/11 e 13/11, com uma ampla programação de shows, filmes, encontros de poesia e cursos. A Música Popular Brasileira marca presença em todas as suas vertentes, ao longo dos três dias do Festival.
Neste texto me dedicarei a falar sobre o viés brasileiro do Festival, mas o MIMO tem uma programação mais ampla que você pode conferir no site oficial: mimofestival.com

Com uma programação gratuita no Centro do Rio, às 19h de sexta-feira haverá show do violinista Antonio Nóbrega, que apresentará “Um recital para Ariano” no Auditório do BNDES. O músico pernambucano foi convidado por Ariano Suassuna, em 1970, a integrar o Quinteto Armorial. Uma homenagem ao imortal romancista, dramaturgo, poeta e professor brasileiro. Ouça:

No mesmo horário, na Praça Paris, na Glória, Simone Mazzer convida Alice Caymmi para um encontro memorável no Palco Se Ligaê. Simone traz sua força interpretativa e timbre marcante, com um repertório que mistura baladas,blues, tango e soul music. Com o primeiro e aclamado álbum solo, “Férias em videotape”, ela concorreu em duas categorias do Prêmio da Música Brasileira, em 2016 – na de “melhor cantora”, ao lado de Elza Soares e Gal Costa, e “revelação”, pelo qual se saiu vencedora. Ouça Simone Mazzer:

Ouça Alice Caymmi:

Também na mesma sexta-feira, para encerrar a noite de shows nacionais, o MIMO Festival apresenta o show que reunirá Guinga, conceituado violonista e compositor carioca, comemorando 50 anos de carreira, Leila Pinheiro, que interpretará a canção “Catavento e girassol”, de autoria dele em parceria com Aldir Blanc. Mônica Salmaso também subirá ao palco para completar esse time de grandes artistas.

Ouça Leila Pinheiro e Guinga:


Ouça Mônica Salmaso:

Mais cedo, ainda na sexta-feira, às 18h, será exibido no Cine Odeon na Cinelândia, o documentário “Essa barra que é gostar de você”, título que faz menção a um trecho da música “Cheia de Manias”, do grupo Raça Negra.
Sinopse: Num bar de karaokê, embalado pela música brega e o barulho da cidade em obras, o encontro de Lucas e Davi, na verdade, se revela o início de um fim.
DIRETOR(ES): MADIANO MARCHETI
DURAÇÃO: 18 MINUTOS
CINE ODEON, RIO DE JANEIRO
11/11/2016
18:00
Ouça Raça Negra:

Na sequência, no mesmo Cine Odeon, haverá a exibição do documentário “Perdido em Júpiter”, sobre os resíduos digitais da obra do músico gaúcho Flavio Basso – Júpiter Maçã.
Sinopse:
Enquanto se transmutava, em diversas facetas estéticas e musicais, as câmeras o acompanhavam insistentemente. Essas imagens, sons e cores da sua carreira foram despejados aleatoriamente na internet. O documentário foi construído por capturas de tela, em um computador particular, durante pesquisas online.
DIRETOR(ES): DEO
CINE ODEON, RIO DE JANEIRO
11/11/2016
18:00
Ouça Júpiter Maçã:

Às 20:30, também na sexta-feira, o Odeon exibirá o documentário “Faz Que Vai” sobre o FREVO, ritmo brasileiro.
Sinopse:
Tomando o nome de um passo de frevo, que simula um momento de instabilidade, o curta retrata quatro bailarinos em seus modos de articular uma forma de tradição popular em questões socioeconômicas e de gênero. Como uma série de anotações sobre a relação entre corpo, câmera e movimento no registro de uma dança típica do Nordeste do Brasil, o filme comenta o sentido do carnavalesco presente em diversas estratégias de preservação do frevo como imagem, patrimônio e produto.
DIRETOR(ES): BÁRBARA WAGNER / CO-DIRETOR: BENJAMIN DE BURCA
DURAÇÃO: 12 MINUTOS
CINE ODEON, RIO DE JANEIRO
11/11/2016
20:30
Ouça Frevo Vassourinhas:

No dia seguinte, sábado, 12/11, a programação do MIMO Festival na vertente da música brasileira já começa às 10h da manhã com o Workshop “A Canção Brasileira e A Poesia Popular”, com Antonio Nóbrega. Logo depois, às 11h, o Trio Capitu se apresenta na Igreja da Irmandade da Santa Cruz dos Militares, na Rua Primeiro de Março.
O trio é formado por Débora Nascimento (fagote), Janaína Perotto (oboé) e Sofia Ceccato (flauta), com nome inspirado na mais famosa personagem de Machado de Assis.
Ouça Trio Capitu:

Às 16h haverá show do Quinteto DOCONTRA, formado por contrabaixistas Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. essa forma, Marcos Lemes, Nilson Bellotto, Pablo Guíñez, Rossini Parucci e Walace Mariano buscam proporcionar ao público uma nova maneira de se ouvir a música brasileira. O grupo apresentará arranjos inéditos para obras de Villa-Lobos, Clube da Esquina e João Bosco, entre outros mestres. Será na Igreja de São Francisco da Penitência, no Largo da Carioca.

A partir das 20:30, o Cine Odeon exibirá uma série de quatro documentários relacionados à Música Popular Brasileira.
O primeiro será “Cacaso na Corda Bamba”
Sinopse: Filho de uma família rural, Antonio Carlos de Brito encontrou na poesia um sentido para a vida, transformando-se em Cacaso. Autor de sucessos gravados por grandes nomes da MPB, o artista multifacetado mudou a poesia brasileira, tendo sido um dos precursores do movimento marginal. Irônico e perspicaz, reuniu um grande número de artistas e intelectuais em projetos e parcerias, deixando um indiscutível legado literário e musical.
DIRETOR(ES): JOSÉ JOAQUIM SALLES E PH SOUZA
DURAÇÃO: 88 MINUTOS
CINE ODEON, RIO DE JANEIRO
12/11/2016
20:30
Trailer do filme “Cacaso na Corda Bamba”:

Na sequência, será exibido o mini-documentário “FUGA”.
Sinopse: Um grande tocador de acordeão tenta fazer a sua melhor apresentação, mas é surpreendido por desafios que enfrentará durante toda a execução de sua música.
DIRETOR(ES): EDUARDO ROSCOE
DURAÇÃO: 3 MINUTOS
CINE ODEON, RIO DE JANEIRO
12/11/2016
20:30

Depois, haverá a exibição do documentário “Filme em Fúria”.
Sinopse: Um encontro entre música, quadrinhos e cinema no contexto de produção artística independente na São Paulo das décadas de 1970 e 1980. Das performances musicais à produção da revista “Balão”, o filme trata da experimentação no trabalho de artistas como Arrigo Barnabé e Luiz Gê e do modo como a cidade, o humor e o terror estavam presentes em suas composições.
DIRETOR(ES): NANA MAIOLINI
DURAÇÃO: 25 MINUTOS
CINE ODEON, RIO DE JANEIRO
12/11/2016
20:30

Para finalizar a sessão de filmes no Odeon, será exibido o documentário “Chico Science, Caranguejo Elétrico”.
Sinopse: O filme refaz a trajetória do cantor e compositor Chico Science, expoente do movimento manguebeat e um dos mais importantes músicos do panorama brasileiro. Mostra a formação do grupo Chico Science & Nação Zumbi, as apresentações em turnê pelo Brasil, a criação do movimento e o legado que deixou, após a sua morte precoce no ano de 1997.
CINE ODEON, RIO DE JANEIRO
12/11/2016
20:30

Às 19h haverá show de Jards Macalé que convidará o cantor, compositor e percussionista Otto no Palco Se Ligaê, na Praça Paris. Macalé atravessa um grande momento visibilidade e reconhecimento em 50 anos de carreira, na companhia de uma nova geração de músicos e com shows lotados pelo público mais jovem. Gravado por Maria Bethânia e Gal Costa, entre outras vozes coroadas da MPB, produtor do famoso disco do exílio de Caetano Veloso, “Transa”, Jards Macalé também é ator e tem produções cinematográficas recentes sobre a sua trajetória.
Ouça Jards Macalé:


Ouça Otto:

Às 20h será vez do show do grupo Bixiga 70, no Palco MIMO, também na Praça Paris. O coletivo instrumental, formado por integrantes de grupos de destaque na cena paulistana, já é um sucesso no Brasil e no exterior, apesar de ter surgido há apenas cinco anos. O som da big band dançante, formada por dez músicos e que conquistou em 2014 o Prêmio da Música Brasileira, na categoria “Revelação”, mescla com maestria jazz, funk e música afro-brasileira, a partir de uma gama de influências que passa por dub e reggae, cúmbia e carimbó, ethio-jazz e samba-jazz.
Ouça Bixiga 70:

Para encerrar a noite brasileira de shows do MIMO Festival no sábado, acontecerá no Palco Se Ligaê a partir 21h o encontro entre dois gigantes da música brasileira: João Bosco e Hamilton de Holanda, que se unem para apresentar o projeto “Eu vou pro samba”. Eles dividem o palco durante toda a apresentação, ao lado de músicos convidados, para mostrar ao público, de forma revista e atualizada, algumas das mais representativas obras de todos os tempos deste que é o mais popular gênero da nossa música. A dupla está selecionando composições de Ary Barroso, Dorival Caymmi, Tom Jobim, Chico Buarque, entre outros autores, que irão apresentar ao lado de sambas de sua autoria, com novos arranjos.
Ouça João Bosco e Hamilton de Holanda:

O último dia do MIMO Festival, domingo, 13/11, sob o viés da música brasileira começa com a exibição do documentário “A batalha de São Bráz”, às 16h, no Cine Odeon.
Sinopse: Mercado de São Bráz, Belém, Pará, Norte do Brasil. Durante o dia, o espaço é uma feira num prédio histórico abandonado, construído numa época de grande riqueza na cidade. Mas, nos sábados à noite, o lugar se transforma em uma das manifestações do hip hop, a Batalha de MC’s. Jovens da periferia da cidade se reúnem para saber quem é o melhor MC da noite.
CINE ODEON, RIO DE JANEIRO
13/11/2016
16:00

Na sequência, será exibido o documentário “Pedro Osmar, prá Liberdade que se Conquista”.
Sinopse: Um ensaio sobre a vida e obra do multiartista autodidata paraibano Pedro Osmar. Um manifesto poético-políticomusical sobre um dos mais brilhantes artistas brasileiros na luta pela liberdade que se conquista.
DIRETOR(ES): EDUARDO CONSONNI E RODRIGO T. MARQUES
DURAÇÃO: 76 MINUTOS
CINE ODEON, RIO DE JANEIRO
13/11/2016
16:00

Às 17h haverá show do grupo CCOMA no Palco Se Ligaê na Praça Paris. O duo de jazz étnico e eletrônico de Caxias do Sul, formado há 11 anos pelo baterista e produtor Luciano Balen e o trompetista Roberto Scopel, volta ao MIMO Festival para apresentar o quarto álbum de carreira, “Subtropical temperado”, recém-lançado pelo selo Natura Musical. Atração do MIMO Olinda em 2012 e vencedora do Prêmio da Música Brasileira de 2013, na categoria “melhor álbum eletrônico”, por “Peregrino”, a dupla turbina a sua sonoridade ao adicionar a voz de Etiene Nadine e o baixo de Rafael de Boni no CD que revisita os timbres do final dos anos 1970 e início dos 1980. “Aprendendo a jogar”, música de Guilherme Arantes e sucesso de Elis Regina, ganha nova roupagem no disco que traz o bugio dos Irmãos Bertussi, “O casamento de Doralícia”, cúmbia, bolero, funk carioca e afrobeat.
Ouça CCOMA:

Às 19h, o cantor, compositor e instrumentista Chico César sobe ao Palco Se Ligaê e recebe o novo fenômeno da música portuguesa, Miguel Araújo.
Ouça Chico César:

E para encerrar o MIMO Festival, Ney Matogrosso sobe ao palco principal, às 20:30, com o concerto comemorativo de seus 40 anos de carreira, “Atento aos sinais”, projeto lançado em 2013. Traz no repertório, músicas de grandes nomes da MPB, como Paulinho da Viola, Caetano Veloso, Itamar Assumpção, Martinho da Vila, Arnaldo Antunes e Lenine.
Ouça Ney Matogrosso:

AS INFORMAÇÕES FORNECIDAS, COMO HORÁRIOS E DATAS, SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DA ORGANIZAÇÃO DO MIMO FESTIVAL.
Mais informações: mimofestival.com

O show de Aline Lessa

Quando Aline Lessa subiu ao palco do Projeto do Verão Musical no Castelinho, na Praia do Flamengo, no último dia 2 de novembro, feriado, as luzes azuis iluminaram os primeiros acordes da música “Acontece”, que também abre o disco de estreia de Aline, lançado no primeiro semestre de 2015.

Acompanhada por incríveis e talentosos músicos que já vêm se destacando no cenário musical atual, Aline perfilou canções de seu álbum, acompanhada por um público atento que se acomodava junto ao palco. Na bateria, Luiz de Urjaiss. No baixo, Ph Rocha e na guitarra, Marcos Campello.

Um dos pontos altos do show foi a interpretação visceral e necessária da canção Cálice, de Chico Buarque e Gilberto Gil, com a participação especial do cantor Caio Prado. Um momento de profunda emoção entre os presentes que ali acompanhavam já lotando a calçada da Rua 2 de Dezembro, ocupando a frente da garagem do Castelinho do Flamengo.

Emocionante também foi a interpretação da canção “Para Luciana”, de autoria da própria Aline Lessa, com a música incidental “Se Essa Rua Fosse Minha”, de Mário Lago e Roberto Martins.

Não faltou sensualidade, principalmente na interpretação de “Folhetim”, que Chico Buarque compôs para a peça Ópera do Malandro.

Um show visceral.