“Cazuza – Pro Dia Nascer Feliz” é um espetáculo de sucesso tanto de público quanto por parte da crítica. O musical narra a “vida louca, vida breve” que marcou o percurso profissional e pessoal de Cazuza, do início da carreira, no Circo Voador em 1981, até a morte em 1990, aos 32 anos. Inspirado no livro Só As Mães São Felizes, de Lucinha Araújo, a peça conta com a direção de João Fonseca, direção musical de Roberto Frejat e iluminação de Ney Matogrosso.
O elenco conta com Osmar Silveira como Cazuza, Fabiana Tolentino, Susana Ribeiro, Marcelo Várzea, Fabiano Medeiros, André Dias, Carolina Dezani, Carlos Leça, Igor Miranda e outras estrelas. O musical retorna para São Paulo e ficará em cartaz no Teatro Porto Seguro, do dia 19 de julho a 25 de agosto.
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SERVIÇO
Cazuza – Pro Dia Nascer Feliz
De 19 de julho a 25 de agosto
Sextas, às 21h, sábados, às 17h e 21h e domingos, às 19h
Sessões duplas (17h e 21h) nos dias 27/07, 03 e 10/08
No início da minha adolescência, mais precisamente na pré adolescência, eu me trancava no quarto e ficava ouvindo Legião Urbana, transformando aquele pedaço de vida em algo totalmente meu, que ninguém poderia roubar. Foi como se uma bomba houvesse explodido no ar quando ouvi pela primeira vez o disco duplo ao vivo “Como é que se diz eu te amo – Plateia Livre”. Foi ali meu primeiro contato com Renato Russo, Marcelo Bonfá e Dado Villa Lobos.
Me surpreendi e logo de cara me apaixonei pelos títulos de cada música, antes mesmo de ouvi-las. Foi assim que conheci “Faroeste Caboclo”, “O Descobrimento do Brasil”, “1965 (Duas Tribos)”, “Metal contra as nuvens” e tantas outras. Aquele disco ao vivo realmente provocou em mim o nascimento de algo que eu só iria entender anos mais tarde.
Logo despertei meu interesse profundo pelo lado B da banda e alguns anos depois, acessando o já finado Orkut, conheci a comunidade “Legionários em ação”. Aquilo foi o verdadeiro mapa do tesouro simplificado e com comentários dos piratas que estavam loucos para compartilhar seu ouro com quem mais pudesse querer.
Lá descobri áudios raríssimos de shows da Legião. No Jockey, em 1990, quando Renato Russo, fez uma homenagem ao Cazuza que havia morrido naquele mesmo dia. Encontrei também o áudio completo do famoso e fatídico show no estádio Mané Garrincha, em Brasília, onde vários fãs ficaram revoltados e até queimaram discos da banda na saída do estádio, por uma confusão que houve no show e que levou Renato a encerrar bem mais cedo do que o esperado.
Na homenagem ao Cazuza, Renato Russo faz uma belíssima fala que mostra precisamente a semelhança entre os dois. Na época não era comum as pessoas verem semelhança entre os dois. Anos mais tarde os dois foram postos no patamar de grandes poetas brasileiros.
Foi nessa época que comecei a me tornar um escafandrista da música popular brasileira. O amor pela nossa música e a curiosidade capaz de aguçar meus sentidos (e ouvidos) são minhas fontes primordiais de trabalho. Demorei anos para entender e aceitar minha própria identidade. Achava que tudo o que parecia único não era raro e que qualquer um poderia achar aquilo tudo. Não via como algo diferencial meu, aceitava com naturalidade.
E foi assim, achando tudo muito natural, que encontrei áudios raríssimos dos Paralamas do Sucesso, por exemplo, ensaiando na casa da vovó Ondina, avó do Bi Ribeiro, baixista da banda, entre tantas outras coisas que eu encontrava apenas para saciar uma vontade pessoal: ouvir as bandas que eu gostava com gravações que não tinha sido lançadas em disco. Era apenas uma satisfação pessoal. Quando percebi, uns dez anos depois, que poderia trabalhar com isso, a memória e a História, descobri que era bem mais feliz do que eu pensava.
Recentemente, por exemplo, encontrei um áudio raro do show de Chico Buarque realizado na cidade de Veneza, na Itália, em 1993. Não houve registro desse show ou dessa turnê.